Um áudio que circula nas redes sociais chocou a população de Muriaé nos últimos dias. A gravação mostra a voz de um adolescente, estudante de uma escola particular de Muriaé, proferindo diversos xingamentos com conotação racista a uma colega de sala que é negra.
Em poucas horas o áudio viralizou e provocou uma série de indignações na população. Dezenas de páginas repostaram o áudio e cobraram um posicionamento tanto da escola quanto das autoridades.
No mesmo dia, a escola, através de suas redes sociais, emitiu uma nota de esclarecimento informando que repudia qualquer ato de racismo. “Esta instituição não tolera e jamais tolerará qualquer forma de discriminação ou preconceito”, disse a nota.
O documento disse ainda que a escola, em consonância com o regimento interno, procedeu, de imediato, o desligamento do aluno.
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos também publicou uma nota em suas redes sociais. “O combate ao racismo não se limita à punição de atos isolados, mas envolve também o enfrentamento do racismo estrutural em nossa sociedade”, afirmou a nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) através da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da 36ª Subseção em Muriaé também manifestou sentimento de repúdio diante da conduta do aluno. “Nos dias atuais não podemos mais manifestar esse tipo de crime em nossas escolas, nossa sociedade”, declarou.
Em contato com a Advogada Sandra Franklin, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial, nesta sexta-feira à tarde, ela acompanhará a menor à Delegacia de Polícia Civil em Muriaé para ser ouvida.
“Infelizmente o nosso país se desenvolveu em cima da escravidão e ainda hoje temos pessoas que acreditam que são melhores e que podem tratar pessoas negras como se fossem objetos, como se fossem bens e não seres humanos. E a grande maioria da população negra é pobre, com pouca ou nenhuma assistência. Cabe a nós negros que conseguiram um conhecimento maior e brancos antirracistas darmos suporte jurídico e acolhimento a essas vítimas, mostrando o caminho do que fazer, porque infelizmente o sistema não os acolhe como deveria”, disse a advogada.
FONTE - RÁDIO MURIAÉ